Aqui no Brasil, a Petrobras tem alertado o governo federal sobre a necessidade de um plano de contingenciamento para evitar que falte diesel no mercado interno.
O conselho da Petrobras se reuniu no início desta semana. A informação está no g1, no blog da comentarista da GloboNews Ana Flor. Os conselheiros decidiram “voltar a alertar o governo sobre a urgência de um plano para um racionamento emergencial do combustível”.
O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, enviou à presidência da República, à Agência Nacional do Petróleo e ao Ministério de Minas e Energia uma carta com o alerta.
No documento, ele destaca que o cenário internacional é de “menor disponibilidade de exportações russas pelo prolongamento de sanções econômicas no país, e eventuais indisponibilidades de refinarias nos Estados Unidos e Caribe com a temporada de furacões de junho a novembro”.
Lembra que como o Brasil é “estruturalmente deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento”. E concluiu que: “Diante do cenário de escassez global do diesel e do cronograma de paradas programadas das refinarias – apesar dos melhores esforços da companhia, a Petrobras entende que há elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022.”
O presidente da Petrobras propõe ao Ministério de Minas e Energia e à ANP que avaliem ações estruturadas visando à segurança do abastecimento nacional de óleo diesel.
O ex-diretor-geral da ANP David Zylbersztajn diz que historicamente o consumo de diesel aumenta no segundo semestre e, sem uma providência, a situação pode ser ainda mais grave.
“Isso é muito grave, porque você vai, principalmente no segundo semestre, é quando você precisa mais de diesel principalmente para escoamento da safra do Centro-Oeste e outras necessidades. Normalmente, você tem um crescimento do óleo diesel no segundo semestre. Então, há sim risco de desabastecimento se, principalmente, o governo continuar com o discurso de que vai controlar o preço interno do diesel aqui no mercado brasileiro”, afirma.
O Brasil consome cerca de 5 bilhões de litros de diesel por mês e importa cerca de um terço desse total, principalmente dos Estados Unidos, Índia e Emirados Árabes.
Segundo a Associação dos Importadores, o preço do diesel hoje no Brasil está defasado em relação ao mercado externo em cerca de 20 centavos por litro. Isso, segundo especialistas, vem da pressão que a Petrobras tem sofrido do governo para segurar os reajustes. Essa situação agrava o risco de desabastecimento, já que fica pouco atrativo comprar o diesel no exterior e vender aqui dentro.
“É muito importante que a Petrobras consiga ter autonomia e que efetivamente pratique os preços alinhados ao mercado internacional. Afinal de contas, nós estamos falando de commodities. Então, não faz sentido vender commodities abaixo de preço de mercado”, diz o presidente-executivo da ABICOM, Sérgio Araujo.
No fim da tarde, o Ministério de Minas e Energia informou que já estava monitorando a situação do abastecimento de combustíveis no país antes mesmo da carta do presidente da Petrobras e que nesta sexta-feira se reuniu com a ANP e a estatal.
Em nota, o MME disse que “os atuais estoques, em conjunto com a produção nacional, seriam suficientes para suprir o país por 38 dias” e que “os fatos elencados pela Petrobras em sua carta são amplamente conhecidos e monitorados”.
A nota informa ainda que o ministério está “mantendo o monitoramento de forma intensa e constante para adotar medidas tempestivas em conjunto com os demais órgãos governamentais nas esferas das suas respectivas competências, conforme a evolução do cenário”.
A ANP declarou que trabalha de forma cuidadosa para se antecipar a riscos de abastecimento, que mantém contato permanente com agentes do setor, especialistas e analistas para avaliar o cenário nacional e internacional e que está dedicada a propor as medidas necessárias.
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