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Zé Barbosa Júnior: “a esquerda se aproxima muito mais de Jesus do que a direita”

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    O pastor e teólogo disse à TV 247, “que a direita está muito mais aliada ao capitalismo”, um sistema baseado na opressão.

    Por Ricardo Nêggo Tom, para o 247 – Não é incomum vermos cristãos bolsonaristas associando a esquerda ao mal e tentando demonizar a figura do ex-presidente Lula através de Fake News. Os mais radicais chegam a dizer que um cristão não pode ser de esquerda, alegando que o segmento é contrário aos valores cristãos. Será que isso é verdade? O programa “Um Tom de resistência” convidou dois pastores evangélicos de esquerda para debater e refutarem tal afirmação. Oliver Goiano, que é pastor da Igreja Batista da Lagoa, em Maricá, no Rio de Janeiro e bacharel em história pela UFF, discorda dessa colocação. “Eu digo que é justamente o contrário. Mesmo entendendo que Jesus não é nem de esquerda, nem de direita, se compararmos a esquerda com a ex trema direita, qual delas mais se aproxima dos ensinamentos de Jesus? Eu não tenho dúvidas de que é a esquerda. Se a maioria dos cristãos parasse para pensar, perceberia que é muito mais confortável ser de esquerda, do que de direita. Como cristão, eu me sinto muito mais tranquilo em ser de esquerda. A mensagem inclusiva de Jesus, o amor ao próximo que ele pregou, o respeito às diferenças, a defesa do mais pobres, são provas desse alinhamento. Os preceitos bíblicos são de justiça social. Por isso, eu posso dizer, sem dúvida nenhuma, que a esquerda é muito mais cristã do que a extrema direita.

    O pastor da Comunidade Batista do Caminho, em Campina Grande – PB, Zé Barbosa Júnior, concorda com a opinião do seu colega e lembra que as orientações políticas da direita se opõe ao que o cristianismo preconiza. “Concordo com o Oliver, que não podemos dizer que Jesus é de esquerda, mas podemos dizer abertamente que a esquerda se aproxima muito mais de Jesus do que a direita. Se levarmos para o campo das orientações políticas, podemos dizer que a direita está muito mais ligada ao capitalismo e a esquerda ao socialismo. Só isso já é predominante para eu escolher o meu lado. Quando alguém me pergunta como eu posso ser pastor e socialista, eu digo que a pergunta está sendo feita para a pessoa e rrada. Tem que perguntar para o pastor de direita, como ele pode ser pastor e capitalista. Como um pastor pode apoiar um sistema que é baseado na opressão? Porque o capitalismo só existe, se existir opressão. Enquanto o socialismo é uma proposta de que essas opressões sejam diminuídas. Embora, infelizmente, talvez elas nunca terminem, porque partem do ser humano. Mas, como sistema, o socialismo oferece muito mais igualdade e se aproxima muito mais dos ensinamentos de Cristo. Por isso, eu digo com certeza que sou pastor, sou cristão, sou socialista e sou petista. Essa é aminha definição. “

    As chamadas “Fake News”, continuam sendo um dos principais trunfos usados pelos bolsonaristas para propagar inverdades contra os seus adversários. Do “kit gay” à “mamadeira de piroca”, o jogo sujo da extrema direita sempre costuma ter um apelo moralista e “cristão”. Em ano eleitoral, todo cuidado é pouco com essas mentiras que acabam se tornando verdades, sob a égide do cristianismo e da defesa do nome de Deus. Zé Barbosa Júnior explica que “essa coisa da fake News ganhou muito vulto na última eleição, e acredito que na próxima também será terrível, mas não é uma novidade no meio evangélico. Quem começou com isso foi um camarada chamado Edno Fo nseca, do Rio de Janeiro, que em 1989, quando o Lula foi candidato pela primeira vez, espalhou no meio evangélico que haveriam cinco leis para fechar a Igreja no Brasil. Essa foi a primeira grande Fake News no meio evangélico. E esse pastor Edno Fonseca, que era deputado federal, fazia a sua campanha baseado nisso. Alertando aos cristãos que se o PT ganhasse, as igrejas seriam fechadas no país. De lá para cá, a coisa só piorou. É interessante a gente perceber algumas coisas na história, que são fatos. E eles falam por si. Qual foi o período em que a igreja evangélica mais cresceu no Brasil? Foi exatamente nos 13 anos de governo do PT. E se cresceu, primeiro, foi porque havia plena liberdade religiosa. Ou seja, o PT nunca foi contra a igreja. Segundo, por ter sido o período de maior prosperidade brasileira, o que refletiu diretamente nas igrejas porque o pobre é fiel ao dízimo. Com isso, as igrejas também tiveram mais lucro e puderam investir mais, porque os cidadãos tinham mais dinheiro para ofertar. “

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