Política em qualquer parte do mundo envolve gigantescos interesses, muitos deles são pessoais. Interesse em prol do coletivo na política é quase nulo, principalmente em países de terceiro mundo. Na minha terra Paraíba, não é diferente. João Azevedo é um excelente técnico e gestor público que alçou altos escalões chegando a chefe do executivo paraibano. Foi secretário em várias gestões na Paraíba, tanto na área municipal como estadual. A primeira vez que tentou um cargo pelo voto do povo saiu vitorioso.
Apesar dos pesares e dos méritos de João, não posso ser ingrato e deixar de mencionar o empurrão político dado nas costas pelo ex-governador, Ricardo Coutinho. João chegou a ganhar no primeiro turno em 2018 para governador do estado da Paraíba. Como todo gestor público, João teve que lidar com a administração do violento coronavírus. João se saiu bem, porém, não lhe foi dado fôlego para respirar melhor e conhecer o estado paraibano em suas minúcias.
João está cercado de raposas velhas e raposinhas, que no momento procuram seus melhores lugares na política e vão testar a sua liderança de fim de mandato. Os Cunha Lima, líderes em Campina Grande e adjacências, levaram nas eleições de 2018, uma pancada muito forte nas urnas e ainda estão se recuperando. Nas eleições municipais de 2020, tiveram um certo alívio mostrando sua eterna força em Campina Grande, quando elegeram um outro membro da família à prefeito daquela cidade, não pelo PSDB do Capitão Cássio Cunha Lima, mas sim pelo PSD, do Romero Rodrigues (quase uma sigla de aluguel dos Cunha Lima em Campina Grande).
Romero por um momento quis subir a crista e se tornar o galinho de campina na política da serra da borborema. Esqueceu Romero que lá o cacique chama-se: Cássio Cunha Lima. Pisou fora do prato perde força. Romero fez ensaio, tentou fazer jogo em parceria com João Azevedo, no entanto, foi chamado ao feito por Cássio e resolveu ficar no seu lugar. Cássio, ultimamente, anda por Brasília batendo papo com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, tentando dar um recuo em Eva Gouveia, que pode ser uma boa articuladora política em pequena escala, porém, não traz votos suficientes para fazer frente aos Cunha Lima.
A decisão para Kassab não é fácil. Entre os Cunha Lima e a máquina do João Azevedo, a escolha até março terá que ser feita. Indo Kassab, na Paraíba, para as mãos de Cássio, isso será ainda pior para o céu de brigadeiro de João Azevedo. Nessa acomodação de ninhos, ainda tem um outro incômodo para João: se o Senador Veneziano Vital, provável candidato do Lula a governador da Paraíba, se juntar aos Cunha Lima, com certeza, João passará a ter noites de insônia. Para o Senador Veneziano é agora ou nunca tomar a decisão de ser candidato ao governo do estado. Veneziano, como senador da república, traz mais quatro anos pela frente de mandato.
Lá atrás ele já deu um sim a essa desistência, pondo o seu irmão, Vital do Rêgo, hoje ministro do TCU, no seu lugar como candidato a governador. Hoje, Veneziano está proibido de tomar a mesma atitude. Cavalo selado, diz o ditado, não passa duas vezes. Vem aí novas pesquisas estaduais de opinião pública e com certeza João Azevedo ainda estará na cabeça. Dependendo dos acordos e conchavos a serem feitos até o dia primeiro de abril, saberemos se o céu de brigadeiro de João permanecerá ou se as nuvens que hoje se apresentam claras poderão ser nubladas no dia de amanhã.
Elcio Nunes
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