São Paulo – Heloísa de Carvalho, 52 anos, soube da morte do pai Olavo de Carvalho por um post de um “olavete”. Ela afirmou que não pretende ir ao enterro e não se arrepende de ter rompido o relacionamento com o pai em 2017.
“Não é porque morreu que virou santo. Não tenho vontade nenhuma de ir, mesmo se o corpo vier para o Brasil, para os Estados Unidos muito menos”, disse Heloísa em entrevista ao Metrópoles.
Sobre o enterro, outra justificativa que Heloísa deu para não ir foi o isolamento social. Ela explica que tem medo de pegar Covid, principalmente, porque ela e o marido têm comorbidades.
Pouco antes de falecer, passou a fazer críticas ao governo Bolsonaro. Apesar disso, o presidente lamentou a morte do escritor. “Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre”, escreveu o mandatário do Brasil.
Apesar de não ter sido divulgada a causa da morte, Olavo havia informado que tinha contraído Covid-19 recentemente. O escritor deixa a esposa, Roxane, oito filhos e 18 netos.
Natural de Campinas, São Paulo, Olavo mudou-se para os Estados Unidos em 2005. Segundo ele, um dos motivos para ter saído do Brasil foi a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República.
Trabalhou como jornalista em veículos como Folha de S.Paulo, Planeta, Bravo!, Primeira Leitura, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Globo, Época, Zero Hora e Diário do Comércio.
Opositor do “politicamente correto” e crítico do que chamava de pensamento “hegemônico de esquerda na imprensa e na academia”, o escritor se tornou celebridade dentro da direita política.
Durante a vida, Olavo publicou diferentes livros polêmicos, entre eles: O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota, considerado um dos manuais da direita brasileira, O Jardim das Aflições (1995) e O Imbecil Coletivo (1996).
Os livros e artigos de autoria do escritor, no entanto, foram alvo de polêmicas. Alguns reproduzem teorias conspiratórias, informações incorretas e discursos de ódio. Além disso, Olavo defendia que a Terra é plana, negava a existência do aquecimento global e jurava que a Pepsi é adocicada com células de fetos abortados.
Fundou o site Mídia sem Máscara (MSM), que tinha o objetivo de combater o “viés esquerdista da grande mídia brasileira”. Entre seus defensores estavam os filhos do presidente Jair Bolsonaro. Aliás, Olavo era considerado consultor e espécie de guru intelectual de assessores próximos ao presidente.
Fumante, propagava a ideia anticientífica de que o cigarro faz bem para a saúde e dizia que o tabaco não tinha ligação com câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Olavo já teve um tumor na traqueia, que o obrigou a se submeter a uma cirurgia delicada.
Além disso, foi internado com problemas respiratórios em abril do ano passado e lidava com consequências da doença de Lyme, conhecida como doença do carrapato, que pode causar irritação na pele, dores nas articulações e fraqueza nos membros.
Pouco antes de falecer, passou a fazer críticas ao governo Bolsonaro. Apesar disso, o presidente lamentou a morte do escritor. “Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre”, escreveu o mandatário do Brasil. Heloísa contou que não foi avisada por pessoas próximas de Olavo sobre a morte. Ela acredita que não será procurada por nenhum familiar e também não tem como fazer nenhum contato, pois não tem os telefones e está bloqueada nas redes sociais.
“Achei a notícia em alguma postagem de ‘olavete’. Claro que minha família, minha família não, meus pais, desculpa a minha família são outras pessoas, iriam me comunicar”, afirmou.
Luto
A filha de Olavo Carvalho contou que chorou um pouco de madrugada e que o que mais a comoveu foram as mensagens de apoio. Heloísa relatou que não está sentindo “uma tristeza profunda que seria o normal quando se perde alguém querido”.
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