O Tribunal de Contas do Rio determinou há pouco mais de um mês que o Rio Previdência interrompesse investimentos nos fundos de investimento administrados pelo Banco Master. Na manhã desta terça (18), o presidente do banco, Daniel Vorcaro, foi preso.
O TCE afirmou que havia evidências do banco estar passando por uma crise e isso colocaria sob risco os recursos investidos.
Segundo a Corte de Contas, 25% do patrimônio do RioPrevidência foi aportado em fundos administrados pelo Banco Master. O órgão do governo do Rio é responsável pelo pagamento de aposentados e pensionistas. É o terceiro maior fundo de pensão do país, e gere um universo de 430 mil servidores, entre civis e militares.
O TCE chegou a recomendar que o governador Cláudio Castro fizesse uma internveção no órgão diante da gestão temerária de recursos.
‘Ciência desta decisão ao exmo sr. governador do estado do Rio de Janeiro, para que, diante da gravidade da situação apurada e da omissão do diretor-presidente do Rioprevidência em adotar providência de maneira célere e efetiva, avalie atuar junto à autarquia previdênciária, zelando pelo saneamento das irregularidades e prevenção de novas falhas na alocação de recursos’.
O presidente e proprietário do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso nesta terça-feira (18) em São Paulo durante uma operação da Polícia Federal que cumpre ordens de prisão contra integrantes do mercado financeiro.
A ação, denominada Operação Compliance Zero, envolve sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão.
A operação ocorre no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia e em Minas Gerais, com o objetivo de combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras do Sistema Financeiro Nacional.
A Polícia Federal cumpre, ao todo, sete mandados de prisão, sendo cinco preventivas e duas temporárias, e 25 mandados de busca e apreensão, incluindo outras medidas cautelares. Entre os alvos está Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master.
Nessa segunda (17), foi anunciado que a holding financeira Fictor adquiriu o Banco Master em uma operação com aporte superior a R$ 3 bilhões. No entanto, nesta terça-feira (18), a Polícia Federal cumpre mandados da Operação Compliance Zero e prendeu Daniel Vorcaro, proprietário do banco.
De acordo com a PF, as investigações começaram em 2024, após uma requisição do Ministério Público Federal para apurar a possível criação de carteiras de crédito fictícias por uma instituição financeira. Os crimes investigados são: gestão fraudulenta, gestão temerária e participação em organização criminosa, entre outros.
Essa operação levou o Banco Central a decretar a liquidação da instituição financeira, teve desdobramentos também em Brasília. O diretor-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo por ordem da Justiça Federal, segundo fontes ligadas à investigação.
Agentes da PF cumprem mandados de busca na sede do BRB. Embora não haja prisões relacionadas a integrantes do banco brasiliense, o afastamento de Costa foi determinado em razão do cruzamento das apurações que miram o Banco Master. O executivo está fora do país em viagem oficial.
O que diz o Rioprevidência?
Em nota, o Rioprevidência informou ter sido surpreendido por uma decisão cautelar do TCE-RJ sobre investimentos ligados ao Banco Master e contestou informações de que teria aplicado mais de R$ 2,6 bilhões na instituição, afirmando que o valor real é de cerca de R$ 960 milhões, em operação regular e dentro das normas.
A autarquia destacou que não realiza novos aportes no banco desde 2024, que monitora diariamente todos os fundos e que nenhum deles contém ativos do Master, esclarecendo ainda que o Banco Master e a Master Corretora são instituições distintas. Segundo o órgão, os fundos mencionados pelo TCE — como Texas I, Revolution e Arena — não têm relação com o conglomerado Master e seguem enquadrados, e todos os esclarecimentos técnicos estão sendo encaminhados ao tribunal.
O Rioprevidência afirma ‘manter solidez financeira, cumprimento de normas e total transparência na gestão dos recursos previdenciários’ (leia abaixo a nota na íntegra).
Quem é Daniel Vorcaro?
O empresário brasileiro possui 42 anos e nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele possui um MBA concluído em 2007 no Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (IBMEC). Além disso, se formou na Fundação Torino, uma escola de elite de BH que incentivava o empreendedorismo.
Daniel assumiu o comando do Banco Master em 2018, quando a instituição financeira teve diversas mudanças e passou a ter outro nome. Anteriormente, se chamava de Banco Máxima.
Ele foi responsável pela expansão das operações, entre elas a criação de uma corretora de investimentos e um fundo de investimentos.
Entre um dos destaques da vida do empresário está que ele participou do investimento na SAF do Atlético-MG, com aporte inicial de R$ 100 milhões no clube. Isso ocorreu em 2023.
No ano seguinte, aumentou o investimento para R$ 200 milhões, chegando depois próximo de R$ 300 milhões, possuindo atualmente 26,9% de participação nas ações do Atlético Mineiro e entrando no comitê de futebol da equipe.
Em outubro, o Ministério Público de São Paulo iniciou uma investigação de dois fundos de investimentos que foram utilizados por Vorcaro para adquirir parte da SAF. O motivo é uma suposta ligação com suposta lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital.
Leia nota completa do Rioprevidência
‘O Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Rioprevidência) informa que foi notificado, na última sexta-feira (10 de outubro de 2025), da decisão cautelar do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acerca de investimentos relacionados ao Banco Master S.A. A deliberação foi divulgada sem prazo hábil para manifestação prévia da Autarquia, o que impediu a apresentação de esclarecimentos técnicos antes da publicação da medida.
O Rioprevidência esclarece que é incorreta a informação de que o Banco Master seria destinatário de mais de R$ 2,6 bilhões. O valor efetivamente investido foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pelo Banco Master S.A., e a operação segue regular, adimplente e plenamente enquadrada nos parâmetros legais e prudenciais. Importa destacar que o Banco Master S.A. é instituição autorizada e supervisionada pelo Banco Central do Brasil (BACEN), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Ministério da Previdência Social, estando incluído na lista oficial de instituições habilitadas a emitir ativos elegíveis a Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). À época dos investimentos, o Banco Master possuía rating “A-” atribuído pela Fitch Ratings, o que o enquadrava como emissor de grau de investimento e baixo risco de crédito, atendendo plenamente aos critérios de elegibilidade, segurança e diversificação previstos na Resolução CMN nº 4.963/2021 e nas orientações técnicas do Ministério da Previdência.
Desde a primeira notificação do TCE-RJ, em 2024, o Rioprevidência não realizou novos investimentos ou alocações em ativos emitidos pelo Banco Master, cumprindo integralmente as determinações e recomendações do órgão de controle. Além disso, a Autarquia mantém monitoramento contínuo e diário de todos os fundos nos quais possui cotas, inclusive aqueles administrados pela Master Corretora de Valores, instituição autorizada pelo Ministério da Previdência a prestar serviços de administração de fundos para RPPS. Esse acompanhamento técnico garante que nenhum desses fundos possua ativos emitidos pelo Banco Master S.A., e que todos os investimentos estejam plenamente regulares e em conformidade com os limites normativos.
É importante esclarecer que o Banco Master S.A. e a Master Corretora de Valores são instituições distintas, com naturezas jurídicas, funções regulatórias e estruturas operacionais diferentes. O Banco Master é uma instituição financeira emissora de ativos, enquanto a Master Corretora atua apenas como administradora fiduciária, responsável pela estrutura contábil, escrituração, governança e cumprimento das obrigações regulatórias dos fundos, sem poder de decisão sobre as alocações de recursos. A escolha do administrador é feita pelas gestoras independentes, não pelo Rioprevidência. Assim, o fato de um fundo ser administrado pela Master Corretora não significa que os recursos estejam aplicados ou depositados no Banco Master, tampouco que haja qualquer relação de subordinação ou dependência entre as instituições.
O Rioprevidência reforça que os recursos aplicados nesses fundos nunca transitaram nem foram alocados em ativos do Banco Master, sendo direcionados diretamente aos ativos dos fundos, compostos majoritariamente por títulos públicos federais e ações negociadas na B3. Prova disso é que nenhum dos DAIRs (Demonstrativos de Aplicações e Investimentos dos Recursos) mensais encaminhados ao Ministério da Previdência apontou qualquer desenquadramento, concentração ou irregularidade.
No que se refere aos fundos mencionados, o Rioprevidência reitera que o Fundo Texas I FIA é gerido pela BlueMac, gestora independente e sem vínculo societário com o Banco Master, responsável pelas decisões de investimento. Trata-se de fundo de renda variável, sujeito à volatilidade normal do mercado, cuja oscilação recente decorre de variações de ativos específicos — entre eles, ações da Ambipar — sem qualquer relação com o conglomerado Master. O Fundo Revolution FIC RF Crédito Privado, com cerca de R$ 7 bilhões em patrimônio, não possui ativos controlados ou emitidos por empresas do grupo Master, e o Fundo Arena FIC RF Título Público é composto exclusivamente por títulos públicos federais, com liquidez diária, destinado à manutenção de caixa e pagamento de benefícios previdenciários, tendo sido o fundo de renda fixa mais rentável da carteira do Rioprevidência no primeiro semestre de 2025. Atualmente, a posição do Instituto nesse fundo é inferior a R$ 500 milhões.
Cumpre destacar que todos os pontos citados no relatório do TCE-RJ estão sendo tecnicamente rebatidos, mediante apresentação de documentação comprobatória, relatórios técnicos e pareceres especializados, os quais demonstram a regularidade, prudência e legalidade das decisões de investimento adotadas pelo Instituto. As manifestações formais estão sendo protocoladas junto ao TCE-RJ, acompanhadas de dados auditáveis e informações complementares que comprovam a aderência às normas de governança, compliance e controle de risco.
O Rioprevidência mantém desempenho financeiro e atuarial sólido, tendo alcançado 176% da meta atuarial acumulada em 2025, mesmo em um cenário macroeconômico adverso. Esse resultado reflete o compromisso institucional com a solidez da política de investimentos, a diversificação das carteiras e o cumprimento rigoroso das normas do Conselho Monetário Nacional e do Ministério da Previdência Social.
Por fim, o Rioprevidência reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e a segurança na gestão dos recursos previdenciários, reiterando que não realizou novas aplicações no conglomerado Master desde agosto de 2024, e que atua de forma técnica, responsável e colaborativa com todos os órgãos de controle, garantindo a proteção do patrimônio dos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro e a sustentabilidade do sistema previdenciário estadual.’
PARAÍBA DA GENTE COM INFORMAÇÕES GLOBO























