Um médico foi afastado do cargo após denúncias de que ele tenha agido com negligência em um atendimento que levou à morte do pequeno Yohan Gustavo, de apenas um ano e 29 dias.
A família da criança afirma que o profissional, que atuava no Pronto Socorro de Vicente de Carvalho, em Guarujá, no litoral de São Paulo, não deu a devida atenção ao estado de saúde da criança, que faleceu na madrugada da última quarta-feira (8/10).
Entenda o caso
- Yohan estava há dois dias vomitando, sem evacuar e com fortes dores abdominais quando foi levado pela família ao PS de Vicente de Carvalho, na noite de 6 de outubro.
- De acordo com o relato da mãe, Alenne Nayjara da Silva, o menino chorava, se encolhia e sequer deixava ser tocado por conta da dor que sentia.
- No PS, o médico responsável pelo atendimento não teria pedido qualquer tipo de exame e teria apenas apalpado o abdômen do menino, diagnosticando a criança com gases intestinais.
- Ele prescreveu seis medicamentos diferentes, dentre eles um anti-gases e uma vitamina para anemia.
- O menino retornou para casa com os responsáveis e, na madrugada de 8 de outubro, acordou tremendo, “com os olhinhos vidrados”, disseram os parentes.
- Ele foi levado até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Rodoviária, também no Guarujá.
- No local, um dos profissionais ainda teria demonstrado indignação ao ouvir sobre a ausência de um exame mais detalhado e a quantidade de medicamentos prescritos.
- Ainda na UPA, o menino não resistiu, morrendo por volta das 2h50 da manhã.
- O atestado de óbito apontou como causa da morte insuficiência respiratória aguda, abdome agudo obstrutivo e intussuscepção intestinal — obstrução intestinal detectável com raio-x.
- “Vinte e seis horas. Esse foi o tempo entre receber alta sem exames e perder nosso bebê para sempre” disse a família nas redes sociais.
Luto
A mãe de Yohan reforçou que a realização de um exame de raio-X poderia ter salvado a vida do menino. “É um procedimento básico”, disse.
“Hoje, vivemos com um vazio que não tem fim. Nenhum pai e nenhuma mãe deveriam enterrar um filho por erro de quem jurou salvar vidas”, compartilhou a família em perfil criado nas redes sociais para divulgar o caso.
“Queremos que a história do nosso Yohan sirva de alerta: ouçam seus corações, questionem, peçam exames e nunca aceitem descaso”, dizem os responsáveis pelo menino.
Prefeitura diz investigar o caso
Em nota, a Prefeitura de Guarujá afirmou que ao tomar conhecimento do caso “agiu de imediato com abertura de sindicância para apurar o ocorrido”.
A gestão municipal disse ainda ter notificado a Organização Social Instituto Bom Jesus (OS-IBJ), responsável pela unidade do Pronto Socorro de Vicente de Carvalho. A organização, por sua vez, afastou cautelarmente o médico envolvido, “até que tudo esteja esclarecido”.
“A Prefeitura de Guarujá informa que se solidariza com a família se colocando à disposição para qualquer auxílio que houver necessidade”, finalizou a nota.