Monteiro – A saudade encontrou forma e rima na sensibilidade de Sara Júlia Reis de Freitas Torres, neta de Eduardo Ferreira de Freitas, carinhosamente conhecido como Dudu Ferreira, figura querida e inesquecível da cidade de Monteiro. Em um belo cordel intitulado “Lembrança e Saudade”, Sara eterniza o avô e suas memórias, transformando em versos a presença marcante de um homem simples, de coração generoso e espírito acolhedor.
Um retrato poético da memória
Com traços que lembram a tradição do cordel nordestino, a obra percorre cenas cotidianas da vida de Dudu: a cadeira de balanço na calçada, a bengala fiel, as conversas com amigos, o cuidado com os passarinhos e o riso fácil que encantava quem passava pela esquina. A poesia não apenas recorda momentos, mas revela a profundidade de laços que continuam vivos mesmo após a partida.
“Hoje, a cadeira de balanço está guardada, a bengala aposentada e a esquina vazia, mas Dudu segue vivo, não só nessa poesia, mas na vida de cada um que teve o prazer de conhecê-lo”, escreve a neta, em um dos trechos mais tocantes.
O legado de Dudu Ferreira
Conhecido por todos como um homem de palavra e coração, Dudu era presença constante nas manhãs de Monteiro. Amigos como Zé Carito e Zé, filho de Perolina, faziam da sua calçada um ponto de encontro, onde a conversa boa, as brincadeiras e as histórias do cotidiano criavam uma espécie de refúgio coletivo.
Seu nome ficou marcado na memória popular como “Dudu Vereador”, não por cargo político, mas pelo respeito e carinho que despertava em todos que o cercavam — um verdadeiro representante do povo na vida real.
Saudade que inspira
A neta Sara, em sua homenagem, entrelaça o amor e a saudade com uma escrita que honra as raízes familiares e a cultura nordestina. Em versos como “O vento sopra silêncio, o passarinho canta saudade”, ela revela o sentimento de quem transforma a dor da ausência em arte, eternizando o avô no imaginário monteirense.
Um símbolo de Monteiro
A homenagem, acompanhada por xilogravuras e ilustrações típicas da literatura de cordel, é também um tributo à memória afetiva de uma cidade. A esquina onde Dudu se sentava tornou-se um marco de amizade, simplicidade e humanidade — um pedaço da Monteiro de antigamente que continua vivo na lembrança de todos.
Com esse trabalho, Sara Júlia Reis de Freitas Torres reafirma a força das memórias e o poder da poesia como instrumento de eternização. Dudu Ferreira pode ter partido, mas permanece presente, balançando nas lembranças, nas histórias e nos corações de quem o amou.
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