Em entrevista, o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) criticou, nesta segunda-feira (1°), o que classificou como “empobrecimento” do debate eleitoral de 2026 e o casuísmo das discussões sobre alianças. “O [debate] está mais do que vazio. Você querendo o apoio do cão para derrotar o diabo”, comparou.
O deputado cobrou coerência e justificativa antes da celebração de acordos políticos: “Eu estou na arquibancada observando os movimentos e as justificativas, porque todos os movimentos tem situações presentes e passadas, e até como certas alianças serão justificadas na Paraíba. Isso é importante, o eleitor não é idiota”.
O parlamentar disse que a maioria dos pré-candidatos está mais focada em confraternizações, em contar número de apoios e em fazer alianças do que mesmo com uma mensagem e propostas para o eleitor.
“Nós temos na Paraíba índices gravíssimos de violência, temos o crime organizado avançando e eu não vejo os candidatos tratando disso. Questão de saúde, de educação, de segurança pública. A maior preocupação é dizer que tem 10, 20 ou 50 prefeitos e que fulano vai apoiar sicrano, que não interessa as pessoas. O que interessa é o que está se propondo para mudar a vida das pessoas”, criticou.
Ruy vê relação incompatível e considera “muito difícil’ apoio a Cícero
Ruy Carneiro avaliou como “incompatível” sua relação com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), pré-candidato a governador da Paraíba, tratou como “muito difícil” um apoio ao projeto político do gestor da capital, mesmo pela oposição, e defendeu que alianças precisam de “justificativa” pública.
“A convivência [com Cícero] hoje politicamente é incompatível, praticamente nula. Muito difícil. Mesmo ele sendo candidato pela oposição, com apoio de Veneziano, ainda assim seria muito difícil”, afirmou.
Prioridade é votar em candidatos da oposição
Segundo Ruy, sua prioridade de apoio está em nomes da oposição, como Pedro Cunha Lima, Efraim Filho e Romero Rodrigues. Ele destacou, no entanto, que neste momento acompanha os movimentos do cenário político.
“Estou na arquibancada assistindo. Aguardando quem chuta primeiro e para onde. Qualquer decisão, dependendo dos acontecimentos, será pública e justificada”, disse.
Teatro da polarização nacional
Em entrevista ao jornalista Heron Cid, o parlamentar dissertou sobre a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro nos atos golpistas de 8 de janeiro, a teatralização no Congresso, a necessidade de regulação das redes sociais e fraudes envolvendo apostas esportivas.
Ruy denunciou o que considera uma “teatralização” do debate ideológico radicalizado para gerar engajamento em redes sociais. Para Carneiro, o nível do Congresso “caiu muito”.
“Às vezes um deputado, para quê ele vai se interessar em estudar um projeto ou uma relatoria, se fazendo um vídeo criticando um lado ou outro ele tem milhares de visualizações e curtidas? Eu vejo colegas admitirem que fazem isso porque está agradando o público. É como num jogo Vasco e Flamengo: se você provoca o rival, a sua torcida gosta. Tem muita gente vivendo disso”, alertou.
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