O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou nesta terça-feira, 24, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a respeitar o cessar-fogo com o Irã em dois telefonemas, antes e depois do ataque israelense a Teerã. Na véspera, o republicano anunciou uma trégua total por 12 horas. Pouco depois, o governo iraniano negou a existência de um acordo, mas disse que encerraria sua ” resposta”, como o Irã se refere à guerra, caso Israel interrompesse a “agressão ilegal” — um sinal verde para a pausa nas hostilidades.
Em telefonema após trocas de farpas entre Tel Aviv e Teerã, Trump apelou a Netanyahu para que não avançasse com a ofensiva no Irã, informou uma fonte israelense, sob condição de anonimato, ao site de notícias americano Axios. O premiê, por sua vez, afirmou que não cancelaria os bombardeios porque o Irã havia violado o cessar-fogo — ambos os lados foram acusados, inclusive por Trump, de desrespeitar o acordo. Ele, contudo, teria informado a Trump que o ataque seria restrito e atingiria apenas um alvo.
Após as explosões em Teerã, o líder americano voltou a ligar para o israelense. A bordo do Air Force One, a caminho da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Haia, Trump “não mediu palavras”, afirmou a agência de notícias Associated Press com base em um funcionário da Casa Branca, não identificado, familiarizado com o assunto.
Ele, segundo a fonte, foi “excepcionalmente firme e direto com o primeiro-ministro Netanyahu sobre o que precisava acontecer para sustentar o cessar-fogo”. O funcionário disse que o primeiro-ministro compreendeu as ressalvas de Trump e a gravidade da situação. Parece ter dado certo. O gabinete de Netanyahu informou, depois da conversa, que Israel atingiu um radar iraniano, mas evitou medidas mais duras em respeito ao presidente dos EUA.
“Após a conversa do presidente Trump com o primeiro-ministro Netanyahu, Israel se absteve de novos ataques”, comunicou o gabinete.
Críticas de Trump
Trump afirmou nesta terça-feira, 24, que tanto Israel quanto o Irã violaram os termos do cessar-fogo que ele havia anunciado na véspera, com ataques após o prazo final para cessar as hostilidades – 7h00 locais. Conversando com repórteres na Casa Branca antes de partir para a cúpula da Otan, Trump expressou decepção com a continuidade das hostilidades.
“Eles (os iranianos) violaram, mas Israel também violou”, disse ele. “Não estou feliz com Israel”, acrescentou, dizendo que o Exército israelense “descarregou” bombas “logo após concordar com o acordo”.
Em relação a Teerã , o presidente americano afirmou que a capacidade nuclear do país acabou e que jamais conseguiria reconstruir seu programa nuclear.
“Temos dois países que lutam tanto e por tanto tempo que não sabem o que estão fazendo”, disse Trump, furioso, sobre as nações do Oriente Médio que entraram em conflito em 13 de junho.
O presidente afirmou não acreditar que o cessar-fogo tenha ido por água abaixo. Mas expressou particular insatisfação com Tel Aviv, que, segundo ele, violou rapidamente a trégua.
“Israel, assim que fechamos o acordo, eles saíram e lançaram uma carga de bombas, como nunca vi antes. A maior carga que já vimos”, disse ele. “Preciso acalmar Israel agora”.
“Não estou satisfeito com Israel. Sabe, quando eu digo ‘OK, agora você tem 12 horas’, você não sai na primeira hora, simplesmente larga tudo o que tem, então não estou satisfeito com eles. Também não estou satisfeito com o Irã”, completou.
Pouco depois das declarações, ele lançou um alerta aos israelenses para não lançarem mais bombas contra o território iraniano.
“ISRAEL. NÃO LANÇEM ESSAS BOMBAS. SE O FIZEREM, É UMA GRAVE VIOLAÇÃO. TRAGAM SEUS PILOTOS PARA CASA, JÁ! DONALD J. TRUMP, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS”, escreveu ele em publicação na Truth Social.
Troca de acusações
O porta-voz do quartel-general militar central do Irã, Khatam al-Anbiya, afirmou nesta terça-feira que Israel atacou o país em três etapas até as 9h locais (3h30 em Brasília). A TV estatal iraniana informou anteriormente que um cessar-fogo entraria em vigor a partir das 7h30 locais, e as Forças Armadas do país acusaram Israel de lançar ataques após esse horário.
Mais cedo, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, havia acusado Teerã de ter violado a trégua e ordenou que os militares israelenses voltassem atacar o país inimigo em resposta ao que ele disse serem mísseis disparados pelo Irã em direção a Israel. Já o Estado-Maior das Forças Armadas iraniano negou qualquer lançamento de mísseis nas últimas horas, informou o jornal local Nour News.
Metrópoles
