Os Estados Unidos aprovaram, nesta terça-feira (18), a primeira vacina preventiva contra o HIV. Desenvolvida pela farmacêutica Gilead Sciences, a injeção chamada lenacapavir, com nome comercial Yeztugo, oferece uma nova abordagem na prevenção da infecção pelo vírus. O medicamento será aplicado apenas duas vezes por ano.
A autorização foi concedida pela FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA) após resultados promissores em estudos clínicos. Segundo os testes, a eficácia chegou a até 100% na prevenção do HIV em grupos de alto risco, como mulheres cisgênero, homens gays e pessoas trans.
Um dos estudos mais relevantes foi conduzido com 5.300 jovens mulheres na África, onde nenhuma das participantes que recebeu a injeção contraiu o vírus. Em contrapartida, cerca de 2% das mulheres que usaram o método tradicional de PrEP (profilaxia pré-exposição) via comprimidos diários foram infectadas.
O lenacapavir age como um inibidor de capsídeo, interferindo em diferentes fases do ciclo de vida do HIV, o que impede que o vírus se multiplique no organismo. A formulação permite uma liberação lenta e constante do medicamento, o que garante proteção efetiva por até seis meses com uma única dose subcutânea.
A chegada dessa vacina representa um marco na luta contra o HIV, especialmente para pessoas que têm dificuldade em aderir ao regime diário de pílulas. “Este é um avanço histórico na prevenção do HIV e tem potencial para transformar a resposta global à epidemia”, afirmou a UNAIDS, programa das Nações Unidas para combater o HIV.
Apesar do avanço científico, o custo inicial nos Estados Unidos será alto. A previsão é que cada ano de tratamento com o lenacapavir custe em torno de US$ 28.218 (cerca de R$ 154 mil na cotação atual). A Gilead anunciou que pretende implementar programas de assistência financeira para tornar o acesso mais viável. Organizações internacionais, como a própria UNAIDS, já pressionam a empresa para que o preço seja reduzido, especialmente em países de baixa e média renda.
Ainda não há previsão para a liberação da vacina no Brasil, mas a expectativa é que a aprovação nos EUA acelere os processos regulatórios em outras partes do mundo.