Em um caso sem precedentes no Reino Unido, duas mulheres de 55 anos descobriram, por acaso, que foram trocadas ao nascer. As famílias acabaram percebendo o erro do hospital depois de fazer testes de DNA em casa por curiosidade.
A identidade das mulheres foi preservada, mas as duas movem um processo contra o governo britânico pedindo uma indenização justa para um caso tão único e complexo. A mídia inglesa está tratando a família com os nomes de Tony, Claire (a “nova” irmã) e Jessica (a irmã com a qual o homem foi criado). A mãe de Tony e Claire foi identificada como Joan.
A história por trás da troca das bebês só veio à luz quando Tony decidiu fazer, em 2022, um teste de DNA caseiro que ganhou de presente. Ele queria saber mais detalhes sobre a sua saúde. Em outro lugar da mesma cidade, dois anos antes, Claire ganhou um kit de DNA do filho.
Porém, Jessica, que também tinha feito o exame e presenteou o irmão com um teste, não apareceu na lista de parentes de Tony. A mulher que aparecia no laudo era uma pessoa que ele nunca tinha visto.
Ele decidiu escrever um e-mail para a irmã que apareceu no teste e eles começaram a se corresponder. Ao descobrir que a “nova irmã” havia nascido no mesmo hospital de Jessica, Tony juntou as peças e percebeu que as duas deviam ter sido trocadas.
A troca das pulseiras em 1967
Joan, a mãe biológica de Claire, contou à BBC que tinha planejado ter o parto em casa, mas por ter tido picos de pressão na noite em que a criança nasceu, decidiu ir ao hospital de West Midlands. A filha foi levada para um berçário, como era costume na época, enquanto a mãe descansava.
As bebês, nascidas com apenas 1h30 de diferença, eram fisicamente parecidas, a não ser pela cor de cabelo, o que não foi suficiente para que as famílias desconfiassem. Porém, Claire contou que sempre se achou muito diferente dos pais e chegou a suspeitar ter sido adotada.
No resultado do seu exame, não havia conexão com o local de nascimento dos pais e o site mostrou um primo de primeiro grau que ela não conhecia. Em 2022, ela recebeu uma nova notificação: um irmão tinha se cadastrado no site e entrado em sua árvore genealógica.
Um segundo exame de DNA confirmou a teoria de que as bebês tinham sido trocadas ao nascer. Com a informação, Claire procurou Joan, sua mãe biológica: ela tinha uma relação ruim com a família que a criou, o que a fez se envolver rapidamente na dinâmica familiar de seus novos parentes.
“Olhei para ela e disse: ‘Meu Deus, tenho seus olhos! Temos os mesmos olhos. Meu Deus, pareço alguém!’”, lembra a mulher.
As duas descobriram gostar das mesmas roupas e comidas, além de serem fãs de chá. Joan e Claire se tornaram muito próximas e chegaram a viajar juntas para investigar a origem da família e conhecer outros parentes.
Porém, a descoberta por acaso da “nova irmã” prejudicou o relacionamento da família com Jessica. As mulheres que foram trocadas não convivem, e Jessica se afastou da família, deixando até de chamar Joan de mãe.
Embora a trama se pareça com a de diversas telenovelas, casos de trocas de bebês em hospitais são raros e, no caso específico do Reino Unido, não havia precedente conhecido.
No Brasil, entretanto, eles são mais frequentes: em 2021, foi descoberta a troca de duas meninas nascidas em Brasília. Elas tinham 7 anos. Em 2023, também em um teste de DNA feito em casa, uma família do interior da Paraíba descobriu a troca de duas bebês apenas 30 anos depois do acontecido.
Metrópoles
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