Mensagem enviada por Marcos Do Val a Alexandre de Moraes, logo após a reunião com Jair Bolsonaro e Daniel Silveira no Palácio da Alvorada em dezembro, indica que o ministro do Supremo estava ciente de toda movimentação articulada pelo deputado federal e que o então presidente da República não demonstrou qualquer interesse em participar do plano de golpe.
A reportagem apurou com interlocutores de Bolsonaro que Do Val pediu autorização a Moraes para se reunir com presidente e deputado, após abordagem deste. “É sempre bom ouvir o outro lado”, teria dito o ministro. Durante a reunião, que durou cerca de 25 minutos, o então presidente da República apenas ouviu calado. Na noite daquele mesmo dia, Do Val enviou longa mensagem a Moraes acusando diretamente Silveira e livrando Bolsonaro.
Na mensagem, fica mais evidente a atuação do então deputado, preso hoje mais cedo por descumprir medidas cautelares determinadas pelo Supremo.
“Boa noite, ministro. Desculpe incomodá-lo em seu horário de descanso. Acabei de pousar no meu estado. Só retorno para Brasília na próxima terça, mas preciso adiantar uma parte do encontro que considero de alto grau de importância. Quem está fazendo toda a movimentação com objetivo de levá-lo à perda de função e até à prisão é o DS. O PR não está fazendo nenhum movimento neste sentido. O DS que está tentando convencê-lo, dizendo ao PR que eu conseguiria adquirir as peças fundamentais para que a missão fosse um sucesso. Para dar mais tempo de saber como proceder diante desse sensível assunto, falei que voltaríamos a conversar na próxima semana.”
Por fim, o senador ainda escreveu que “não sujaria” seu nome e sua honra e se disse um “democrata ferrenho e admirador” da coragem de Moraes “em prol do Brasil”. A mesma mensagem teria sido reenviada a Bolsonaro, que respondeu lacônico: “Coisa de maluco.”
O Antagonista
