Isso porque Ogorchukwu foi espancado pelo italiano Filippo Claudio Giuseppe Ferlazzo, 32, por cerca de quatro minutos em plena luz do dia e ninguém se dispôs a ajudar o homem. Pelo contrário, diversas foram as pessoas que ficaram apenas filmando o espancamento.
Ferlazzo foi preso em flagrante por policiais e responderá por homicídio e roubo e as imagens das câmeras de segurança no local irão ajudar a entender a dinâmica dos fatos, segundo as autoridades policiais locais.
Conforme a imprensa internacional, Filippo atacou Alika após o ambulante chamar a namorada dele de “bonita” em uma tentativa de conseguir uma venda. “Bella (bonita, em italiano), você pode comprar uns lenços ou me dar 1 euro?”, teria dito Alika.
Na sequência, segundo a polícia, o italiano teria agarrado uma muleta que o vendedor usava para andar e o derrubado.
Neste sábado (30), centenas de membros da comunidade nigeriana se reuniram no centro de Civitanova para protestar contra a indiferença e para cobrar justiça.
“A região de Marcas vai se constituir como parte civil no processo que está sendo aberto para defender a identidade, os valores e as imagens que os cidadãos têm. Sempre fomos uma comunidade solidária, inclusiva e queremos permanecer assim com o apoio de todos. Com a dor e a profunda lamentação para a família de Alika, é necessário ainda reforçar a firme condenação de um gesto de loucura e violência pura, que não tem nenhuma justificativa”, afirmou o governador de Marcas, Francesco Acquaroli, do partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI).
Uma das principais vozes contra a chegada de migrantes nos últimos anos, o líder do partido Liga, Matteo Salvini, condenou o ataque. “É loucura morrer assim e espero que seja aplicada a maior pena possível”, disse o político ultranacionalista, que afirmou ainda “rezar” pelos familiares.
O ministro da Saúde, Roberto Speranza, também se manifestou e disse estar “estarrecido” com o fato de ninguém ter ajudado o nigeriano. “A indiferença é tão grave e injustificável quanto a violência”, disse o político.
Já a deputada da sigla de centro-esquerda Partido Democrático (PD) e presidente do Comitê da Câmara dos Deputados sobre os Direitos Humanos no Mundo, Laura Boldrini, falou sobre a “brutal violência” do crime.
“Em Civitanova Marche um homem foi assassinado na rua com brutal violência enquanto testemunhas filmavam a cena. Tem razão Dom Albanesi: o racismo, a indiferença e a raiva acham uma saída contra os mais fracos: é a pior face da sociedade, a da discriminação e da opressão”, afirmou.