O Primeiro Comando da Capital (PCC), principal organização criminosa do Brasil, começou a atuar em postos de combustíveis a partir do litoral de São Paulo, em 2010, revela investigações do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). No período, até os dias de hoje, o grupo criminoso chegou a cerca de 300 unidades apenas em território paulista. “Capital, litoral, interior (…), mas hoje é só a ponta do iceberg”, disse o promotor João Paulo Gabriel, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), braço investigativo da Promotoria de São Paulo.
De acordo com as investigações, o grupo colocava os postos em nomes de laranjas e os lucros eram transmitidos para uma série de empresas de fachada. “Então, eles praticavam sonegação fiscal nessa dinâmica”, disse o promotor Gabriel. O bando criminoso ainda cometeu outro crime ao permitir operação dos postos sem licenças ambientais necessárias. “Tanto que dois postos explodiram, na época ocorreu repercussão nacional”, lembra o promotor. Fraude nas bombas de combustíveis também era prática comum.
Apenas com os doze postos iniciais do grupo, eles alcançaram a marca de 54 milhões de reais arrecadados. A partir de então, conseguiram comprar até uma distribuidora de combustíveis. “Começaram a mesma dinâmica, ocultação e fraudes. Com essas ocultações e fraudes, eles estão no patamar que estão hoje. Compraram usinas sucroalcooleiras, pelo menos quatro já pertencentes ao grupo, mais uma identificada hoje e duas operando exclusivamente para o grupo”, afirmou Gabriel.
A Operação Carbono Oculto deflagrada nesta quinta-feira, 28, pela Polícia Federal apura um bilionário esquema de lavagem de dinheiro montado pelo PCC, envolvendo postos de combustíveis, instituições financeiras, corretoras e fundos de investimento. A força-tarefa cumpre hoje mandados de busca e apreensão em 350 alvos em oito estados.
Com Veja