Para o presidente dos EUA, Donald Trump, o Brics continua sendo “uma pedra no sapato”. No pacote de tarifas que entrou em vigor recentemente, as alíquotas mais pesadas, de 50%, miraram justamente Brasil e Índia — duas das principais potências do bloco. A medida inaugura novo capítulo na disputa comercial e geopolítica entre Washington e a aliança formada por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países parceiros.
O Kremlin não confirmou se as conversas com os líderes abordaram o impacto do tarifaço imposto pelos EUA, que atingiu com mais força o Brics. Ainda assim, é difícil descartar que o tema tenha ficado fora do diálogo.
Mais do que um gesto econômico, especialistas ouvidos pelo Metrópoles veem na ofensiva de Trump uma estratégia para frear um grupo que, se agir de forma coordenada, pode desafiar a influência norte-americana no comércio global.
O especialista em tributação internacional Angelo Paschoini avalia que a motivação de Trump é inequívoca.
“Ele quer manter a soberania dos Estados Unidos como maior potência mundial. Mas, se houver um acordo forte no Brics para criar um mercado livre entre Brasil, Índia, China e Rússia, você teria uma supereconomia. Isso incomoda quem quer manter a liderança no cenário global.”
Para ele, o republicano aciona todas as “armas disponíveis” — tarifas, barreiras econômicas e medidas políticas — para enfraquecer o bloco.
Segundo o presidente norte-americano, a medida é uma resposta direta à continuidade das compras de petróleo russo pela Índia, apesar dos alertas de Washington.
O Brasil, que desde 2023 intensificou a compra de diesel e fertilizantes russos, também entrou no radar e sofreu retaliação com a mesma tarifa sobre produtos nacionais sob a justificativa de “relações injustas” e “arbitrariedade do STF” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
China como protagonista
No início das disputas comerciais, a China foi o principal alvo das medidas de Trump. As tarifas contra Pequim chegaram a 145% em maio.
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