Em pleno sertão paraibano, onde o jumento zune como antena parabólica e o sol frita o asfalto desde cedo, lá está ele: Adriano Galdino, o presidente da Assembleia Legislativa, ensaiando sua pirueta política rumo ao Palácio da Redenção. O que era passeio tomou o formato de test-drive eleitoral — mas sem freio.
Galdino já andou anunciando que “se o partido der forças e energias”, ele vai “com toda certeza” ser eleito governador. Forte, né? É quase uma versão moderna do “se chover eu não molho”, mas com sabor de premonição.
Ele se ajusta ao uniforme lulista e proclama-se “o único pré-candidato que defende a reeleição de Lula”. Como quem tenta vender picolé no inverno, ele insiste: está “ouvindo o povo”, “se comunicando com os partidos”, mas sobretudo exaltando o tamanho do Republicanos (“o maior partido da Paraíba”)
Termômetro da Política.
E quando dizem que não há espaço, que o partido anda preguiçoso, Galdino encosta com suadouro: “o Republicanos precisa vestir a camisa”. Só falta convencê-los de que essa camisa cabe nele — de salto alto, claro.
Por trás da retórica, um crescimento real: uma pesquisa do Instituto Seta de 6 a 9 de julho deu a ele quase 10% das intenções de voto, num salto de 5,9% para 9,3%. Um abraço de urso pra realidade — mas ainda longe do segundo turno.
Curioso é que Galdino anda sugerindo chapas tripartidas, como se fosse coach de relacionamentos: três candidatos da base, ele incluso, para depois abraçarem se chegarem ao segundo turno. É quase o “vamos ser amigos mesmo depois do baile”.
Enquanto isso, o governador João Azevêdo fez questão de dizer que “posição ideológica não inviabiliza candidaturas”, num afago à pluralidade da base. Mas Galdino, obstinado, segue ontem, hoje e por todo o São Pedro anunciando: “eu quero ser o governador da Paraíba apoiado por Lula”
E assim segue nossa crônica viva: um político que mal pediu licença ao cargo — já assumiu interinamente o governo em 2024 —, e agora quer mais: “vou vencer de novo, filho do povo, governador da Paraíba”. A forçação de barra é quase magistral: mistura de ambição, autoconfiança e aquela pitada de “o povo está na rua”.
No fim, sobra a impressão de que Galdino está ensaiando um salto mortal sem rede. Será que o partido e o eleitorado vão segurar seu voo? Ou ele vai pousar no chão duro da realidade? O São João acabou, mas a quadrilha política segue — e Galdino insiste em puxar o cordão. Que baile será esse nas urnas de 2026?