Hassan Khomeini, neto do primeiro aiatolá do Irã, Ruhollah Khomeini, tem ganhado força nos bastidores como um dos principais nomes para suceder o atual líder supremo do Irã, Ali Khamenei. Com 53 anos, Hassan é visto como figura moderada e já articula apoio entre diferentes alas do regime. Segundo reportagem da agência Reuters, pelo menos cinco fontes apontam seu nome como um dos mais fortes na disputa pelo posto mais alto da política iraniana.
Filho de Ahmad Khomeini, um dos articuladores da Revolução Islâmica de 1979, Hassan foi educado com a elite religiosa e mantém conexões com reformistas e conservadores do país.
Hassan também tem histórico de declarações em defesa de direitos das mulheres e mantém proximidade com o ex-presidente Hassan Rouhani, que esteve no cargo de 2013 à 2021. Por outro lado, Hassan já criticou a política externa do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que liderou o país de 2005 até 2013, e o foco do Irã no programa nuclear, sinalizando uma postura menos belicosa.
Apesar do prestígio, Hassan precisará do aval da Assembleia de Peritos, responsável por eleger o novo líder supremo. Na prática, porém, a decisão deve passar pela influência direta do atual mandatário.
Ali Khamenei, no poder desde 1989, tem 86 anos e enfrenta crescente pressão interna e externa, tanto pela crise econômica quanto pela repressão política. Sua escolha pessoal terá peso decisivo na sucessão.
Entre outros nomes cogitados, o clérigo Mojtaba Khamenei, filho do atual líder, já foi apontado como potencial herdeiro. No entanto, a possibilidade de sucessão hereditária enfrenta forte resistência no Irã. Um dos pilares da Revolução de 1979 foi justamente o rompimento com o regime monárquico da dinastia Pahlavi. Passar o poder de pai para filho seria visto como traição ao princípio fundacional da república islâmica.
A sucessão ganhou urgência após uma série de ataques de Israel contra alvos iranianos e o temor de um possível atentado contra Khamenei. O líder supremo se isolou em um bunker e suspendeu comunicações eletrônicas nas últimas semanas. Três autoridades iranianas informaram ao New York Times que ele já enviou à Assembleia de Peritos os nomes de três possíveis substitutos, para garantir uma transição rápida caso seja morto. O conteúdo da lista segue em sigilo.
Na quinta-feira (26), o líder supremo do Irã fez a primeira aparição pública desde a implementação do cessar-fogo com Israel, que encerrou 12 dias de conflito entre os países. No último sábado (21), os Estados Unidos também agiram sobre o território iraniano, bombardeando três instalações nucleares do país.
O Irã respondeu ao ataque dos Estados Unidos na segunda-feira (23) lançando 14 mísseis de curto alcance contra uma base americana no Catar. Todos foram interceptados antes de atingir o alvo.
“A República Islâmica deu um tapa na cara dos Estados Unidos. Atacou uma das importantes bases americanas na região”, disse Khamenei no pronunciamento.
“O fato de a República Islâmica ter acesso a importantes centros americanos na região e poder tomar medidas contra eles sempre que julgar necessário não é um incidente pequeno, é um incidente grave, e esse incidente pode se repetir no futuro se um ataque for feito”, acrescentou Khamenei.