O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), reagiu com veemência à decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar de forma inesperada, nesta quarta-feira (25), o projeto que revoga um decreto do governo federal sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para o petista, a iniciativa representa uma “provocação infantil” e um “erro grave”.
A insatisfação da base governista aumentou após a escolha do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), opositor ferrenho do governo Lula, para relatar a proposta. “Designar um bolsonarista histriônico como relator é claramente uma provocação desnecessária”, disse Lindbergh.
A principal crítica recai sobre o momento em que a proposta foi colocada em pauta. A semana está marcada pelo esvaziamento no Congresso devido às festas juninas, o que, segundo o parlamentar, dificulta a mobilização da base aliada. “É uma temeridade pautar um tema de tamanha importância sem que haja quórum em Brasília”, afirmou. Ele lembrou ainda que o decreto faz parte do esforço fiscal do governo para atingir a meta de 2025, ajudando a recompor R$ 20 bilhões do total de R$ 50 bilhões esperados em arrecadação. A revogação, segundo ele, representaria uma perda de R$ 12 bilhões.
No Palácio do Planalto, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou uma reunião emergencial com líderes governistas. Em declaração pública, ela alertou que a derrubada do decreto pode comprometer a liberação de emendas parlamentares.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o decreto do IOF como ferramenta essencial para corrigir distorções tributárias e conter a evasão fiscal entre os mais ricos.
Do lado da oposição, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), saiu em defesa de Hugo Motta e rebateu as críticas. Segundo ele, a base aliada já tinha sido informada sobre a votação. “Na última reunião de líderes, o recado do Hugo Motta foi claro”, declarou. Ele também considerou legítima a relatoria de Chrisóstomo: “É natural que um parlamentar da oposição conduza a análise de um projeto que confronta o governo”.
Lindbergh, no entanto, vê nas articulações uma tentativa de minar a governabilidade do presidente Lula. “Não vamos aceitar que paralisem o governo e antecipem o debate de 2026”, concluiu.