Davi desenvolveu paralisia cerebral e ficou tetraplégico — Foto: Freepik
Em entrevista à CRESCER, Jessica da Silva Dantas, de Cajamar (SP), revela os desafios até o diagnóstico do filho e como lida com as sequelas causadas pela doença. “Meu filho está perdendo a infância dele para a encefalite. Não existe nada mais triste”, lamenta
Quando percebeu que o filho estava com febre alta e sonolência, a assistente administrativa Jessica da Silva Dantas, de 25 anos, já ligou um sinal de alerta. Preocupada, levou Davi, na época com 1 e 8 meses, ao pronto-socorro. “Disseram que a febre era apenas a garganta inflamada”, disse a mãe em entrevista à CRESCER. O que ela não imaginava era que, dias depois, Davi seria diagnosticado com encefalite — uma inflamação no cérebro causada por vírus ou bactéria. A infecção levou à paralisia cerebral e deixou o pequeno tetraplégico.
Jessica, que mora em Cajamar (SP), conta que a jornada até o diagnóstico correto não foi simples. Davi foi levado ao hospital pela primeira vez no dia 24 de outubro de 2021. Dois dias depois, ele continuava com sonolência, irritado e com desconforto respiratório. “Voltamos ao pronto-socorro, onde ele foi colocado no suporte e oxigênio. Fez os exames e constataram uma possível infecção por bactéria ou vírus”, lembra.
Desde então, o quadro de Davi começou a se deteriorar rapidamente. O desconforto respiratório evoluiu para uma parada cardiorrespiratória, necessitando de entubação. Na época, os médicos trabalhavam com várias hipóteses, entre elas, um problema na epiglote, que foi descartado após uma broncoscopia.
Ao longo de dois meses, Davi ficou entubado e passando por diversos exames. “Ele tinha febre dia e noite, mesmo sedado. Tinha várias intercorrências”, relata. Somente após muita pesquisa, os médicos diagnosticaram o paciente com encefalite provocada, provavelmente, por herpes labial.
O garotinho permaneceu três meses hospitalizado na Santa Casa de São Paulo — dois deles na Unidade de Terapia Intensiva, sedado e entubado, tomando antibiótico por um acesso venoso. Davi já acordou da sedação totalmente diferente. “Ele não falava, andava, nem reconhecia que eu era a mãe dele. Era como se a doença tivesse apagado sua memória. Seus bracinhos atrofiaram e ele ficou sem forças no tronco”, Jessica lamentou.
A mãe ainda guarda o primeiro dia em que ela levou o filho ao hospital. “Foram as últimas horas que vi meu filho falar e andar. Ele estava assustado com tudo aquilo. Chorava muito. Não tinha mais controle do tronco. Aquilo tudo foi muito assustador para mim. Achei que ia perder meu filho”, ela desabafou.
Hoje, com quase cinco anos, Davi continua sendo acompanhado por especialistas, como fisioterapeutas, terapeutas e fonoaudiólogos. “Ele está se recuperando das sequelas deixadas pela encefalite, mas aos poucos”, a mãe revelou. O pequeno também usa traqueostomia para auxiliar na respiração. “Ele já me reconhece como mãe. Quando falo, ele dá um sorrisinho para se comunicar. Mas, ainda não anda, não fala, nem tem controle do corpinho”, disse.
Como mensagem para outras famílias, Jessica afirma: “Mães e pais, não briguem com seus filhos porque eles bagunçam, porque eles gritam, porque estão correndo pela casa, porque é muito doloroso ver seu filho em cima de uma cama dia e noite, ter brinquedos parados que nunca foram tirados da caixa. Um silêncio como se não tivesse criança em casa. Meu filho vai fazer 5 anos e já está perdendo toda a infância para a encefalite. Não existe nada mais triste”.
COM INFORMAÇÕES GLOBO