A mesma operação da Polícia Civil que prendeu na manhã desta quinta-feira (13/2) o empresário e influencer Filippe Ribeiro prendeu também o seu pai, Alessandro Ribeiro (na foto em destaque). Alessandro foi preso em Jaraguá, na zona norte de São Paulo, enquanto Filippe foi detido em uma mansão em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Foram presos também na operação desta amanhã outros dois suspeitos. Todos são acusados de golpes na compra e venda de veículos de luxo, tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro.
Além da quatro prisões, são cumpridos outros 8 mandados de prisão temporária e 39 de busca e apreensão na operação, comandada pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Carapicuíba. Os agentes atuam nas cidades de Barueri, Santana de Parnaíba, Itapevi, Cajamar, Carapicuíba, Monte Mor, Rio Claro e capital.
Alessandro é pastor e dono da igreja evangélica Despertar, no Jardim Pirituba, na zona norte da capital. Em seu site oficial, a instituição se autodenomina “uma igreja avivada” formada por uma “comunidade que acredita firmemente na palavra de Deus”. Ele também é sócio da Avanzza Soluções, a empresa na qual Filippe afirma ser diretor executivo.
De acordo com informações do delegado Estevão Castro à imprensa, a quadrilha tem “íntima ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital) no tráfico de drogas”.
Filippe seria o líder da quadrilha investigada. Ele chegou a ser preso em setembro de 2024. Alessandro foi preso por envolvimento na quadrilha, mas a polícia acredita que o único que tem uma relação mais próxima com o PCC seria seu filho, Filippe. Os outros dois presos são o dono da loja de carros de luxo e uma mulher que Filippe e um comparsa levaram à Bolívia. A motivação para a viagem ainda não é clara, mas o delegado Estevão Castro informou que provavelmente era para o tráfico de drogas ou para coletar informações da criminalidade do país para cá.
procurou Alessandro Ribeiro por meio de sua igreja, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a operação “visa coibir crimes de tráfico de drogas, estelionato e lavagem de dinheiro”.
Quem é o influencer Filippe
Filippe tem quase 50 mil seguidores em uma rede social, onde ostenta carros de luxo, a prática de tiro esportivo e conta como um ex-devedor conseguiu se tornar um empreendedor de sucesso — tema de um livro que escreveu.
“Ele aluga veículos de locadoras fora de São Paulo, traz aqui para o estado, e com o veículo já aqui, revende esse veículo como se fosse dele, falsificando a documentação e deixando a locadora ‘a ver navios’, praticamente”, explicou o delegado Estevão Castro.
O policial acrescentou que Filippe também é investigado pela compra de carros de pessoas que estão endividadas com o financiamento bancário daquele veículo, com a promessa de quitar o financiamento. “Depois, ele revenderia o carro para uma terceira pessoa, pegaria esse dinheiro da revenda e não quita o financiamento. Então, deixa o primeiro proprietário com a dívida bancária e o segundo proprietário sem conseguir transferir o carro”, afirmou o delegado da Dise sobre a conclusão do inquérito policial acerca da atividade da quadrilha.
Carro por 10% do valor
Filippe afirmava, em suas redes sociais e em um site, ser possível “por vias legais” comprar carros por até 10% do valor de tabela.
A reportagem localizou uma denúncia feita em outubro do ano passado, contra a Avanzza Soluções, empresa na qual Filippe afirma ser diretor executivo.
A vítima, do Rio de Janeiro, afirma que, em janeiro de 2021, passou o carro para a empresa de Filippe, “com a promessa que em 18 meses ele seria quitado”. A promessa teria sido descumprida e o influencer é acusado de vender o carro para outra pessoa, recebendo R$ 105 mil por isso, sem quitar o veículo com o banco.
Para ensinar seus segredos, o influenciador iria realizar um curso online, no próximo dia 18, no qual os interessados receberiam informações “confidenciais” do “inimigo número 1 dos bancos”, como o empresário também se define.
Ele também escreveu um livro, no qual afirma contar como transformou uma dívida de R$ 300 mil “em um império de empresas lucrativas”. Para isso, diz que, após explorar “profundamente” por sete anos o mercado de negociações automotivas, “descobriu brechas legais nos contratos bancários”, rendendo a ele “um negócio altamente lucrativo”.
Procurado, o empresário negou, por meio da assessoria, fazer parte de qualquer esquema ilegal. “Durante os últimos 7 anos, tenho dedicado meu tempo entre meu trabalho, minha família e meu propósito, que é transformar vidas”, declarou Ribeiro, que disse estar comprometido com a transparência e a ética.
Metrópoles
