O pacote de ajuste fiscal anunciado ontem em rede nacional pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e detalhado hoje pela equipe do governo, gerou o oposto do que era esperado. A expectativa era de um corte expressivo e estrutural, mas o pacote acabou apenas apresentando medidas paliativas, que irão postergar o problema da dívida pública para os próximos anos.
O mercado reage. O Ibovespa, principal índice da B3, recua mais de 1%, para 126 mil pontos, enquanto o dólar bateu os R$ 6 reais. Por volta das 11h30, a moeda era vendida a R$ 5,99. O plano, que prevê uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, inclui medidas como a introdução de uma idade mínima para a aposentadoria militar, um limite para o montante de emendas parlamentares e o reajuste do salário mínimo vinculado às regras fiscais. Também foram propostas restrições ao acesso ao abono salarial e ao salário de servidores públicos.
No entanto, o pacote gerou dúvidas quanto à sua eficácia, especialmente devido à inclusão da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o que pode resultar em uma renúncia fiscal entre R$ 40 bilhões e R$ 80 bilhões. Embora o governo tenha proposto uma compensação parcial por meio de uma taxação mínima de 10% sobre rendimentos acima de R$ 50 mil mensais, abrangendo fontes como aluguéis e dividendos, o mercado questiona se essa medida será suficiente para cobrir o déficit gerado pela isenção.
Com isso, as apostas de um aumento mais agressivo na taxa de juros ganharam força. A curva de juros já aponta para uma Selic terminal de 14,25%.
O Ibovespa também deve enfrentar pressão adicional devido à menor liquidez causada pelo feriado nos Estados Unidos, o que pode intensificar a volatilidade do índice ao longo do dia.
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