O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem sendo criticado por uma série de deslizes em seus discursos, relacionados, sobretudo, a falas consideradas misóginas. Na última semana, um trecho de áudio do presidente em uma reunião no Palácio do Planalto provocou desconforto. Lula falava de uma pesquisa sobre o aumento de violência doméstica após jogos de futebol.
“Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste. Eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente”, disse. Após a repercussão, Lula reclamou de “frases tiradas de contexto”.
Antes da fala, o petista citava o marco de ter nove mulheres presentes em reunião com empresários e disse ser cobrado pela primeira-dama Janja Lula da Silva por maior inclusão feminina.
“Eu sou o presidente com mais experiência nesse país, que mais fiz reunião e eu nunca fiz uma reunião com tantas mulheres aqui dentro. Eu fico feliz porque a Janja vive me cobrando que quando tira uma fotografia e percebe que na mesa só tem homem, ela chega em casa e me cobra ‘cadê as mulheres?’. Então, esse é um dado concreto que nós temos que levar em conta”.
Quando se trata de temas de inclusão e diversidade, o petista tem optado por ler discursos prontos e improvisar menos.
Gafes
Mas essa não foi a única gafe do chefe do Executivo. Ao longo do mandato, Lula tem acumulado declarações que repercutiram negativamente. No mês passado, em um evento do Minha Casa, Minha Vida, em Fortaleza, o presidente foi criticado por falar a uma mãe de três crianças que ela precisa “parar de ter filhos”.
“Veja aquela menina que veio aqui com três crianças. Aquela moça tem 25 anos de idade, ela tem três filhos. Eu falei para ela: ‘minha filha, a primeira coisa que você tem que fazer é parar de ter filhos, porque você já tem três’”, disse Lula.
As declarações polêmicas não pouparam nem a primeira-dama. Por mais de uma vez, o titular do Planalto fez brincadeiras consideradas misóginas.
“Eu tenho um pequeno problema que é o seguinte: o comandante encontrou a comissária e, agora, eu quero chegar em casa muito rápido, aterrissar esse avião e fazer o Brasil andar para frente”, afirmou o presidente em um evento público. Na ocasião, Lula e Janja foram presenteados com um quepe de capitão e de comissária de bordo.
Outro episódio, quando questionado sobre seu estado de saúde, Lula pontuou: “eu me sinto um menino, pode perguntar à Janja.”
Pessoas com deficiência
No ano passado, o presidente fez duas afirmações consideradas capacitistas, ou seja, que reforçariam o preconceito contra as pessoas com deficiência (PCDs). Em abril de 2023, Lula falou em “desequilíbrio de parafuso” e “deficiência mental”. Ao sofrer críticas, o presidente pediu desculpas.
Já em setembro, o petista afirmou que não seria visto de andador em público, “então, significa que vocês vão me ver sempre bonito, como se não tivesse operado”.
Na tentativa de minimizar as gafes, na quarta-feira (17/7), o chefe do Executivo participou da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em Brasília (DF), e disse ter sido aconselhado por Janja.
“Janja me alertou de uma coisa, ela falou: Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar, essa gente tem a sensibilidade aguçada. Para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema”, comentou. Dessa forma, o presidente limitou os improvisos e se ateve a ler o discurso preparado para ele.
