Fernando Scherer, o Xuxa, desabafou sobre sua luta contra o diagnóstico de depressão após deixar a natação anos atrás. Em relato feito no Instagram nesta sexta-feira (12), o ex-nadador falou sobre seu processo de autoconhecimento, e narrou os momentos conturbados que superou. “Cheguei no fundo do poço. Cheguei a pensar: ‘o que estou fazendo aqui?’”, disse. Para o medalhista olímpico, desenvolver a resiliência e ter propósitos práticos o auxiliaram nessa jornada. “Quero a vida mais leve possível, próspera e abundante com a maior qualidade de vida, saúde mental, espiritual, emocional e física”, concluiu.
Em sequência de Stories, o ex-atleta admitiu que dificilmente fala sobre o tema. No entanto, sentiu que poderia dar seu testemunho sobre o período delicado de sua vida. “Um momento que me fez repensar muito a minha vida foi quando parei de nadar. [Naquele momento] eu olho as minhas conquistas e vejo que tenho, talvez, tudo que uma pessoa sonha: saúde, dinheiro, fama, reconhecimento, família, carro, uma casa com pais vivos — eu ainda não tinha os netinhos e nem a Brenda —, mas já tinha uma filha maravilhosa [Isa Scherer]. E entro em depressão. Cheguei no fundo do poço. Cheguei a pensar: ‘o que estou fazendo aqui se não faz mais sentido?”, disse.
“Em alguns momentos, até parece injusto. Como uma pessoa que tem tudo está em depressão? Eu estava. Não era nada sobre o externo. Era uma busca interna, luta diária, conflito interno, minhas dores que eu não parara para olhar. Eu anestesiei, seja na busca por medalhas, títulos, dinheiro, fama e reconhecimento ou pelo uso excessivo de anestésicos, como o álcool, que fez parte desse processo com intensidade. E, aí, refaço e revejo toda a minha vida. Hoje consigo analisar as minhas conquistas e trajetória na espiritualidade e autoconhecimento”, continuou.
O medalhista detalhou que traçou um objetivo claro para sua vida, como um exercício de autoconhecimento. “Eu sabia exatamente o que queria, o porquê fazia cada coisa e para quem. Fui conquistando as coisas, só que agora a conquista é interna e vejo o quanto é importante ter um objetivo claro na vida. Você tem disciplina e paciência. Mas quando você quer muito algo, só faz aquilo porque já sabe que tem que fazer para alcançar os seus sonhos. Esse propósito tem que ser grande. Esse ‘porque’ tem que ser gigante e com força”, disse.
“Que essa força sobressaia o modo negativo e operante. Do nosso modo de procrastinação, ‘deixa para depois’, ‘estou cansado’ e preguiça. É meu sonho, se eu não fizer, ninguém fará por mim. Não adianta fazer depois, tem que ser agora. Essa é a minha jornada, o meu dia a dia. Hoje, eu acordei 4h30 da manhã. Esse é o meu foco e objetivo. Direi para vocês o meu objetivo de vida, o porquê faço o que faço: quero a vida mais leve possível, próspera e abundante com a maior qualidade de vida, saúde mental, espiritual, emocional e física”, declarou.
Scherer, então, aconselhou seus seguidores sobre o processo e exercício diário que é superar a condição que viveu. Hoje ele é palestrante sobre alta performance com foco em saúde mental. “Buscando integrar todas essas saúdes, preciso tomar decisões diárias que as pessoas podem olhar e falar que não fazem sentido. Não faz para você, mas para alcançar aquilo, sei o que é preciso. Preciso continuar a fazer aquilo que me faz bem. A resiliência, porque você pode tropeçar e cair, mas não é sobre o tombo. Você levanta e continua. Ganhei muitas vezes na piscina, mas perdi muito mais”, analisou.
“Desafios vão surgir. Mas hoje sei a vida e a maneira pela qual e como quero viver. E você sabe? Clareia essa tua visão e coloca num papel. Escreva o que você precisa fazer, o que te atrapalha e te tira do caminho. Analisa e siga em frente. Confia, entrega e agradece. Confia no universo, entrega para Deus, para essa força criadora, e aceita tudo que acontecer na sua vida. É uma maneira de te fazer crescer, só um desafio. E nesse desafio você terá que encontrar a força necessária para transcendê-lo. A resiliência vai te fazer muito mais forte para as próximas. A vida não é uma luta. Ela pode ser uma luta, escola ou parque de diversão. Como você quer ver a vida? Vejo ela como um parque de diversão e uma escola. A luta? Eu parei. As guerras? Abandonei. As internas e as externas”, finalizou.
COM INFORMAÇÕES GLOBO