A mulher de 28 anos que perdeu metade do lábio inferior ao ser mordida na boca pelo ex-companheiro, de 19, disse que não consegue se olhar no espelho após a agressão. O crime ocorreu em General Salgado, interior de São Paulo, no dia 4 de março, e a vítima tem medida protetiva de urgência contra o suspeito.
Ao g1, a mulher, que não vai ser identificada, disse que está morando em São José do Rio Preto (SP) com uma amiga por ter medo de voltar para General Salgado, onde vivem a família e a filha, de seis anos.
“Eu estou perdida, minha vida mudou, não consigo voltar para General Salgado. Me sinto presa, porque eu tive que sair da minha cidade e ele está vivendo, como se nada tivesse acontecido. Estou longe da minha filha, é bem difícil”, relata a mulher.
Ao contrário da vítima, que se esconde, o suspeito, com quem manteve um relacionamento de um ano, não foi preso. Segundo ela, não é a primeira vez que foi agredida por ele. Mesmo assim, a vítima contou que chegou a perdoá-lo em ocasiões anteriores.
“Me arrependo de ter perdoado, não deveria ter chegado nessa situação. Eu não achava que ele faria de novo, mesmo ele sendo bem ciumento. Tenho o sentimento de culpa por ter perdoado ele outras vezes e reatado o relacionamento”, lamenta a vítima.
No dia do crime, a mulher dormia quando o homem invadiu a casa dela e começou a agredi-la. Na ocasião, ela narrou que o homem deu um soco no rosto dela, mordeu o braço e a esganou, antes de morder e arrancar parte do lábio inferior dela. Depois, ele fugiu.
À reportagem, ela contou que foi para uma festa com uma prima e não atendeu às ligações do ex, o que teria motivado as agressões.
“Estava dormindo e não imaginava que ele iria entrar na minha casa. Eu acordei com ele em cima de mim perguntando porque eu não respondi ou atendi a ligação. Fiquei muito assustada, destruída, não acreditava que ele seria capaz de fazer isso comigo”, lembra.
A vítima afirma que se assustou ao ver a quantidade de sangue que escorria da boca dela. Ela buscou atendimento médico na Santa Casa da cidade e, depois, foi encaminhada ao Hospital de Base (HB) de Rio Preto, onde precisou ficar internada até o dia 5 de março para reconstrução do lábio.
“Ele está solto e é injusto porque ele quase me matou. Eu quero que ele pague, porque revivo todos os dias aquilo, todas as vezes que olho no espelho. Eu preciso ficar bem”, pede a mulher.
Investigação
A mulher tem medida protetiva contra o homem desde novembro do ano passado, quando ele a golpeou na cabeça.
À TV TEM, o delegado responsável pela investigação, Filipe Carneiro de Albuquerque Santana, disse que registrou boletim de ocorrência por lesão corporal de natureza grave, violência doméstica e descumprimento de medida protetiva, no dia 6 de março.
O delegado informou que aguarda o depoimento da vítima para prosseguir com a investigação. Ninguém foi preso.
COM GLOBO
